A PEIXEIRADA DO COSTUME E O PORTUGAL REAL
Passado que foi um ano do desaparecimento da menina inglesa no Algarve os nossos meios de comunicação social, principalmente os audiovisuais, repetiram até à exaustão o nefasto acontecimento. Foram horas e horas de mesas redondas, quadradas e bicudas, foram comentadoras a repetir pela milésima vez aquilo que toda a gente sabe, foram reportagens a mostrar a mesma rua, o mesmo apartamento a mesma piscina, as mesmas caras já vistas centenas e milhares de vezes. Foram telejornais que para cumprirem horários nos massacraram com as mesmas conversas e reportagens. Resumindo e concluindo, tudo isto valeu zero, custou muito dinheiro e todos nós ficamos a saber o mesmo.
Toda esta conversa para dizer o seguinte: também no início de Maio o meu pai foi acometido de doença súbita. Levado para o centro de saúde de S. Pedro do Sul numa ambulância, foi redireccionado para Viseu após os primeiros socorros. Aí de imediato lhe fizeram a triagem e colocada uma abraçadeira amarela. Com esta cor o tempo de espera para observação (segundo inscrição no local) deveria ser de 1 hora. Foi observado passadas 3 horas. Nos corredores da urgência estavam mais 22 doentes em macas, uns em silêncio outros a chorar a gemer ou a gritar. Como o caso do meu pai obrigou a internamento, seria suposto ir para a enfermaria (medicina interna) de seguida. Mas só foi passadas cerca de 24 horas por falta de vagas. Durante este tempo esteve numa maca nos corredores.
Mas as nossas maravilhosas televisões não perdem tempo a mostrar o país real, porque não querem porque não as deixam ou porque isto não dá dinheiro. E os nossos maravilhosos políticos fecham maternidades, fecham escolas fecham urgências e fecham o que lhes dá na real gana. E tudo com o argumento do benefício para os portugueses. O resto para eles é tudo ficção.
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